48h DITADURA NUNCA MAIS

Performance


A Performance A Sala Clara da Tortura foi impulsionada graças a proposição de uma ação coletiva intitulada: 48h DITADURA NUNCA MAIS.

Proposição: Convidamos a todos os artistas, produtores culturais, Quadrilhas e Pássaros Juninos, Grupos Folclóricos, Escolas de Samba, Blocos de Carnaval, amantes da arte e cidadãos em geral para realizarem 48h DITADURA NUNCA MAIS nos dia 31 de março e dia 01 de abril. Mais uma Ação de resistência ao período hediondo em que nem mesmo se podia reunir mais de três pessoas nas ruas para reivindicar os seus direitos, homens e mulheres brasileiras foram brutalmente assassinados por defenderem a democracia em nosso país... Hoje cabe a nós resgatarmos a memória da história recente do Brasil que os vendidos de sempre tentam apagar. Qualquer manifestação que elucide, execre, denuncie as atrozes práticas desse nefasto período é bem-vinda nas 48h DITADURA NUNCA MAIS, um espaço aberto que tem apenas a data fechada nos primeiros dias do famigerado golpe militar de 64. Golpe este que implantou a DITADURA que a Folha de São Paulo afirma não ter existido de 1964 a 1985 no Brasil.
A articulação do evento começou a partir de conversas entre os artistas Arthur Leandro e Lúcia Gomes.
Textos de teor saudosistas que amenizam a violência dos governos militares foi o mote para que ambos resolvessem provocar a reação. “Afinal os artistas também foram peça-chave para a reação, contestação da ditadura”, Afirma Arthur Leandro.

Situ-Ação: Atendendo o convite para o 48h DITADURA NUNCA MAIS o Coletivo Curto-Circuito propôs e realizou a Performance: A Sala Clara da Tortura.
Para construirmos as Situ-Ações Performativas centramos nossa atenção no processo de construção da Instalação Sala Escura da Tortura.
Trechos do Jornal O POVO: “Após ouvir relatos do Frei Tito, os artistas organizaram uma dramatização dos diversos métodos de tortura – pau-de-arara, choque elétrico, queimadura de cigarros”... Jovens franceses fizeram as performances, orientadas atentamente por Frei Tito “Ele estava fazendo aquela reconstituição com enorme conflito emocional”, recorda Gontran. As dramatizações foram fotografadas por Julio Le Parc. “A partir das imagens, Le Parc, Marcos, Gamarra e Gontran uniram seus diferentes estilos em um projeto único.”
A Sala Clara da Tortura
trata-se de uma volta para a encenação, mas já não para a exclusividade da câmera fotográfica e sim para o contado expandido do espaço circundado, por isso a idéia de tornar a sala escura em sala clara, isto é, desenvolver uma experiência na luz do dia e do diálogo público criando interferências nos espaços urbanos da cidade de Fortaleza.
O Coletivo desenvolveu laboratórios onde se exploraram as imagens produzidas na instalação do Grupo Denúncia buscando uma leitura sobre os depoimentos-memórias do Frei Tito objetivando criar situações-realidade de forma imediata explorando a ambigüidade entre arte-ação e a vida real.

Documentação:

Intervenção-Obra-Experiência #1
Fortaleza-CE, 31/03/09.
Coletivo Curto-Circuito, Fortaleza, 2009.


Intervenção-Obra-Experiência #2
Fortaleza-CE, 01/04/09.
Coletivo Curto-Circuito, Fortaleza, 2009.

Ocaso

Performance

Performance inspirada na Trágica visão do homem: Ato sem Palavras II de Samuel Beckett . Nesta, assiste-se outra vez a uma parábola da existência humana, da vida rotineira, monótona, absurda e que Camus tão bem expressa, quando escreve, em O Mito de Sísifo: Levantar, bonde, quatro horas de escritório ou de fábrica, refeição, quatro horas de trabalho, refeição, sono e segunda-feira terça feira, quarta-feira quuinta-feira sexta-feira e sábado no mesmo rítmo, este caminho se segue facilmente a maior parte do tempo.
É a vida e seu círculo vicioso: qualquer que seja aquilo que se faça, ou como se faça, lá está a morte a aguardar o homem.
Na performance Ocaso a câmera de vídeo funciona como um achado que permite a criação de colagens multimídia de uma elegante simplicidade. A idéia é conectar a câmera no projetor multimídia, permitindo a composição de imagens ao vivo, gravando e projetando a performance em tempo real. Durante a performance, a câmera de vídeo funciona como uma extensão do corpo, isto é, as imagens de vídeo funcionam como artefatos-espelho para a persona da performance.

Documentação:

Performance realizada no Poetcosmos, Teatro SESC de Iracema, Fortaleza, 2008.

Dança Muda em Deca Coordenadas

Performance

Concepção:
O espetáculo Dança Muda em Deca Coordenadas é fruto de uma pesquisa transmídia que pode ser lançada no palco ou em espaços fechados. As palavras-chave “homem”,“comunidade”, “cultura”, “linguagem”, “família”, “educação”, “regras”, “religião”, “controle” e “sociedade” vão organizar a dramaturgia do espetáculo, engendrando uma narratividade de amplas possibilidades sígnicas.
A encenação se inscreve no que tem sido chamado de teatro gestual ou teatro de dança, apresentando um vocabulário corporal elaborado, mesclado com recursos visuais de projeção de imagens, poesia e música eletrônica.

Proposta:
O espetáculo Dança Muda em Deca Coordenadas pretende fazer visível o mundo cultural, isto é, fazer visível um sistema de significações já estabelecido, de modo que, ao nascer, uma criança encontra um mundo de valores já dados: o jeito de sentar, andar, correr, brincar, o tom de voz nas conversas, as relações familiares, tudo, em fim, se acha codificado. Até na emoção que pareceria uma manifestação espontânea, o homem fica a mercê de regras que dirigem de certa forma a sua expressão. Podemos observar como a nossa sociedade, preocupada com a visão estereotipada da masculinidade, vê com complacência o choro feminino e o recrimina no homem. O próprio corpo humano dificilmente é apresentado como mera anatomia de tal forma que é quase impossível falar em “nu natural”: todo homem já se percebe envolto em panos e por tanto em interdições pelas quais é levado a ocultar sua nudez, em nome de valores (sexuais, amorosos, estéticos) que lhes são ensinados. E mesmo quando se desnuda, o faz também a partir de valores.
Como fica a subjetividade diante desta herança social? Há o risco do indivíduo perder sua liberdade e autenticidade (e será que algum dia existiram?). É o que Heidegger, filósofo alemão contemporâneo, chama de mundo do “Man”. Esta expressão alemã designa a impessoalidade: Veste-se, come-se, pensa-se, não como cada um gostaria de viver, mas como a maioria o faz.
Os sistemas de controle da sociedade aprisionam o indivíduo numa rede sem saída. Frente a essa condição, o espetáculo Dança Muda em Deca Coordenadas apresenta um corpo que dramatiza, caracturiza, enfatiza e transgride a realidade operativa refletindo o homem na sociedade.

Ficha técnica:
- Pesquisa, criação e encenação: David da Paz
- Ambientação Sonora: David da Paz e Lindenberg Munroe
- Poesia: Airton Lima
- Composição e programação visual: David da Paz, Fred Benevides e Naiana Cabral
- Manipulação dos recursos visuais: Fred Benevides e Naiana Cabral
- Figurino e objetos: David da Paz
- Produção: Escola de Bens Imateriais
- Realização: Coletivo Curto-Circuito

Documentação:

Performance realizada na Mostra de Música Experimental, Teatro SESC Emiliano Queiroz, Fortaleza, 2006.

A Situação é um Porre!

Performance

Descrição:
A performance A Situação é um Porre! Trata-se de uma proposição cênica inspirada no vídeo A Situação de Geraldo Anhaia Melo (São Paulo, 1978, 9min, Portapack – 1/2 polegada, open reel, Sony, formato original).
Na performance A Situação é um Porre! O performer David da Paz senta-se diante de uma mesa e bebe 1 litro de cachaça fazendo “brindes” à situação cultural, política, social e econômica brasileira.
A ação cênica é pontuada por argumentações teóricas pré-gravadas (Som Over) retiradas do texto A Democracia, que arapuca! de Anselm Jappe publicado na Revista Praga, nº 4, 1997. Essas argumentações teóricas são justapostas a gravações sonoras retiradas do filme A Sociedade do Espetáculo (1973) de Guy Debord
Na performance A Situação é um Porre! a câmera de vídeo funciona como um achado que permite a criação de colagens multimídia de uma elegante simplicidade. A idéia é conectar a câmera no projetor multimídia, permitindo a composição de imagens ao vivo, gravando e projetando a performance em tempo real e mesclando com palavras confeccionadas e projetadas em slides, retiradas do texto Idée generale de la revólution au XIX siècle de Proudhon.
Durante a performance, a câmera de vídeo funciona como uma extensão do corpo, isto é, as imagens de vídeo funcionam como artefatos-espelho para a persona da performance.

Ficha Técnica:
- Pesquisa, criação e encenação: David da Paz
- Composição de recursos visuais: David da Paz, Naiana Cabral e Hugo Pierot
- Manipulação de recursos visuais: Naiana Cabral e Hugo Pierot
- Adaptação de texto, gravação e mixagem: David da Paz
- Produção: Escola de Bens Imateriais

Documentação:

Performance realizada na Casa da Santa - Projeto Balbucio, Fortaleza, 2006.

Sujeitos e Sujeitados - Homem-Massa

Cartografias do Poder - Programa in Progress
Performance / Intervenção-Obra-Experiência em Áreas Exclusivas de Estetização do Poder.
Procedimentos de execução:
Esta performance trabalha com a idéia de apropriação signica espacial, um tipo de performance em paisagem urbana. A experiência é visual, sonora e imediata. Uma Performance que permanece como forma, cuja forma deriva do nome da performance - Sujeitos e Sujeitados -. Nesta Performance os Sujeitos representam configurações de obras representativas que se baseiam no princípio da estetização de poder. Estas configurações arquitetônicas são apropriadas e utilizadas como cenário-personagem onde os performers se instalam e desenvolvem uma representação imaginária, interpretando uma narração do corpo, e de seu comportamento símbolo de sua sujeição a esses equipamentos urbanos. O objetivo desta performance é evidenciar-provorar a cartografia dominante: instalados nela, os performers (Sujeitados) ganham uma existência na paisagem, agora não mais passível de ser ignorada, e a relação entre Sujeitos e Sujeitados não pode ser denegada. A força do resultado formal, tanto na escolha dos corpos quanto em sua disposição nos espaços escolhidos, é inseparável da problematização que a obra opera, seu efeito provocativo.
Documentação:

Vídeo-Mapa Subjetivo

Concerto de Afinação do Mundo

Performance

Concepção:
A Performance Concerto de Afinação do Mundo trata-se de uma proposição cênica inspirada na famosa obra silenciosa 4’33” do compositor norte-americano John Cage (1912).
A obra 4’33” é uma “peça em três movimentos durante os quais nenhum som é produzido intencionamente”; abandonando totalmente a intervenção do músico. O primeiro intérprete da obra, David Tudor, sentava-se ao piano durante quatro minutos e trinta e três segundos movendo silenciosamente os braços por três vezes; enquanto isso, os espectadores deviam compreender que tudo que ouviam era “música”; “minha peça favorita”, escreveu Cage, “é aquela que ouvimos o tempo todo se estivermos em silêncio”.
O nome da Performance também faz refêrencia ao livro de R. Murray Schafer A Afinação do Mundo, trabalho de exploração pioneira da paisagem sonora. Segundo R. Murray Schafer, a paisagem sonora é nosso ambiente sonoro, o sempre presente conjunto de sons, agradáveis e desagradáveis, fortes e fracos, ouvidos ou ignorados, com os quais vivemos.
Na Performance Concerto de Afinação do Mundo, o performer David da Paz dirige-se ao piano com um metrônomo na mão, dá-lhe corda, coloca-o sobre o piano e se retira para voltar dando corda a um relógio-despertador, que coloca também sobre o piano; em seguida, fecha o instrumento e finge dormir sobre ele; depois de alguns minutos o relógio toca, ele “desperta”, recolhe o despertador e o metrônomo e se retira.
A ênfase da Performance Concerto de Afinação do Mundo é simplesmente estrutural.

Ficha Técnica:
- Pesquisa, criação e encenação: David da Paz
- Composição de recursos visuais: David da Paz e Hugo Pierot
- Manipulação de recursos visuais: Hugo Pierot
- Produção: N.U.M.E. – Núcleo de Música e Experimentação
- Realização: Coletivo Curto-Cicuito
- Co-Realização: Escola de Bens Imateriais

Documentação:

Performance realizada no lançamento do Núcleo de Música e Experimentação (NUME), Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, Fortaleza, 2007.

Entremear

Happening

entremear. [De entre- + meio + -ar.] V. t. d. 1. Pôr de permeio. T. d. e i. 2. Meter de permeio; misturar, entressachar; intermeter, intermediar: entremear trigo com cevada; “uma certa maneira de exprimir as idéias, entremeando calemburgos com palavrões sonoros” (inglês de sousa, o Missionário, p 80). 3. Intercalar, interpor. Int e p. 4. Estar ou meter-se de permeio; intermediar. P. 5. V. entremear(4). [Conjug.: v. frear]

Desestetizada, desdefinida, desmaterializada, a obra sumiu, mas sobrou o artista. O Happening (acontecimento) é a intervenção do artista no cotidiano, não através da obra, mas fazendo da intervenção uma obra. É a fusão arte-vida, pois utiliza a rua, a galeria, pessoas e objetos que estão na realidade para desencadear um acontecimento criativo. É uma provocação ao público, mas amplia sua percepção do mundo onde vive.
Propõe-se um encontro aberto aos interessados na dança-improviso em diálogo direto com o espaço público. Uma prospecção em ambientes urbanos específicos.
O não-lugar é diametralmente oposto ao espaço personalizado em geral. É representado aqui por espaços de passagem e rápida circulação, espaços de fluxo trajetorial de pedestres como escadas, corredores, túneis, becos, etc.
Desenvolver uma experiência sensorial, em que os participantes lançam-se numa espécie de “jogo de cabra-cega” e aprendem a ver com os ouvidos, o nariz e o tato. O ambiente cotidiano é revivido, recapitado durante a experiência sinestésica, na qual o participante é, ao mesmo tempo, sujeito e objeto da experiência.
Propõe-se aos participantes que seus gestos sejam extremamente lentos, quase estáticos, sucessões de quadros vivos, dançar entre as pessoas, próximo a elas, provocar, dialogar e aprender a conviver com o impasse arte-vida, quebrar com a
temporalidade do espaço cotidiano.
Documentação:



Happening realizado no Projeto Interferência, Alpendre: Casa de arte, pesquiza e produção, Fortaleza, 2006.