Para a realização da Performance ‘A Procura’, os performers do Coletivo Curto-Circuito lançan-se numa Deriva* pela cidade, cujo objetivo é abordar os habitantes com uma pergunta-provocação-reflexão: você sabe me informar aonde posso encontrar a vida?
Depois de estabelecido o contato e de interações verificadas em possibilidades, os performers afirmam já ter andado por vários lugares, não- lugares e Supralugares da cidade de Fortaleza e só encontraram a sobrevivência.
A pergunta-provocação-reflexão e feita pelos performers com a naturalidade de alguém que esta pedindo uma informação de certa localização geográfica. São as informações dadas pelos habitantes que conduzem os performers nesta Performance-Processo-Procura pela vida. Isto é, os performers estabeleceram um relação teatral com os habitantes onde eles passaram a ser protagonistas de si e construtores direto da obra em questão.
Trata-se da utilização do corpo-instrumento e sua relação espaço-tempo em ligação direta com o público. Cada contato estabelecido é uma experiência pessoal e intransferível. Interferência imperceptível que fica gravada na memória dos participantes.
O Performance ‘A Procura’ propõe ampliar a percepção dos pedestres ao confrontá-los individualmente com um jogo de pergunta e resposta. A pergunta é paradoxal e, dependendo da tolerância da pessoa abordada, o diálogo pode prosseguir por um tempo indefinido. A ação performativa estendeu-se a determinação do espaço na sua forma mais ampla possível, consistindo numa experiência de tempo indeterminado, dinâmico-espacial. O conceito convencional de obra de arte e os locais institucionais para sua exposição tornam-se, então, insustentáveis para o desenvolvimento da Performance ‘A Procura’.
Os performers usam dispositivos de captação de áudio para registrar os diversos comportamentos afetivos provocados nos pedestres e os percursos são registrados em vídeo por videomakers que ao filmarem a performance participaram da Deriva.
O material audiovisual captado é estudado e posteriormente transformado em vídeo com o objetivo de transmitir as realidades psicogeográficas desveladas na Performance ‘A Procura’ para um público amplo e variado, potencializando uma expansão imprevisível e em muitas direções ao mesmo tempo.
O Objetivo desta Performance é provocar uma Situ-Ação Micropolítica no Cotidiano que reverbere reflexões sobre a sobrevivência enquanto problemática que nos impede diariamente de realizar a vida, afim de criar um espaço intimista, otimista, sutil e concreto de discussão, de surpresa, transformação e confronto com a sobrevivência para potencializar a vida.
* Segundo o situacionista Guy Debord, a Deriva é um modo de comportamento experimental ligado às condições da sociedade urbana: técnica de passagem rápida por ambiências variadas. A Deriva é um exercício prático da Psicogeografia e, além de ser também uma forma de apreensão do espaço urbano pelo pedestre através da ação de andar sem rumo, com o objetivo de mapear os diversos comportamentos afetivos diante dessa ação de caminhar pela cidade.